ESCRITÓRIOS REGIONAIS

Que fizeram México e Canadá para recuperar-se da crise de 2008-2009

energia
Foto: CEPAL

México e Canadá, ambos sócios e vizinhos dos Estados Unidos, enfrentaram a crise e a recessão internacionais de 2008-2009 com políticas contracíclicas. Então, por que a recessão foi mais severa no México e a recuperação mais rápida? A resposta encontra-se no Estudo comparativo das economías do Canadá e México no período 1994-2011 (Estudio comparativo de las economías de Canadá y México en el período 1994-2011), elaborado por Jaime Ros, consultor da Unidade de Desenvolvimento Econômico da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).

O mais recente documento publicado pela sede sub-regional da CEPAL no México reconhece que os sócios menores do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (TLCAN) têm desenvolvimentos econômicos desiguais, embora compartilhem uma relação comercial privilegiada com os Estados Unidos. Ambas realidades determinaram como enfrentariam e saíram da crise.

Antes de 2009, as economias do Canadá e México compartilhavam características como ter instituições financeiras menos expostas aos mercados de crédito de alto risco; a dívida pública era relativamente baixa como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), e ambas contavam com uma situação fiscal folgada. Em termos negativo: as duas possuem um alto grau de integração com a economia estadunidense, epicentro da crise. Por exemplo, o peso dos Estados Unidos nas exportações do México era de 80% em 2008, e de 77% no caso do Canadá.

“Dadas estas características em comum, foi notável o desempenho diferenciado que as duas economias tiveram durante a crise, desempenho que se manifesta em que a recessão foi muito mais severa no México (uma queda do PIB de 6,1% em 2009) do que no Canadá onde a queda do PIB (2,5 %) foi una das menores na área da Organização para o Comércio e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), onde a queda foi de 3,5% em média”.

Outro efeito da crise foi o menor fluxo líquido de migrantes do México aos Estados Unidos, o que reduziu, de 2008 a 2010, as remessas em 4 bilhões de dólares.

Para enfrentar a crise, Canadá y México empreenderam ações de política fiscal. “O pacote de estímulo fiscal no Canadá foi muito maior que no México (4,1% versus 1,3% do PIB) e a redução da taxa de juros objetivo do Banco Central também mais acentuada no Canadá”, indica o estudo comparativo.

“Assim como a recessão foi mais severa no México do que no Canadá, devido ao uso mais decidido de políticas contracíclicas neste último caso, a recuperação foi mais rápida também no México. Isso pode ser atribuído ao dinâmico comportamento de suas exportações que contrasta com a lentidão da expansão das exportações canadenses”, agrega.

O resultado de tudo isso é que comparando o nível do PIB no terceiro trimestre de 2011 com o do primeiro trimestre de 2008, as duas economias se encontravam exatamente na mesma situação, com um PIB que era cerca de 2 % acima de seu nível pré-crise (veja o gráfico).

Gráfico

Recuperação da crise
PIB do Canadá e do México, I-2008/III-2011
(Índices com base em I-2008 = 100)

Fonte: Elaboração própria com dados do INEGI Banco de Información Económica para México e de Statistics Canada CANSIM para Canadá.

Nota: Para o México usou-se a série do PIB trimestral desestacionalizada a preços constantes de 2003. Para o Canadá usou-se a série do PIB desestacionalizada a preços constantes de 2002.


 

 


 

 

 

 
  Os sócios menores do TLCAN têm desenvolvimentos econômicos desiguais, embora compartilhem uma relação comercial privilegiada com os Estados Unidos.
 
  A recessão foi mais severa no México que no Canadá, mas a recuperação no México foi mais rápida também.