Maior preço do petróleo beneficiaria as exportações da América Central, México e República Dominicana

Foto: thinkpanama, Flickr

A alta do preço do petróleo observada nos últimos anos teve um impacto direto nos custos de transporte dos bens que são comercializados internacionalmente, o que tem levado a rever as estratégias empresariais e os padrões de consumo que haviam florescido em um contexto de petróleo a preços baixos.

Segundo o estudo Efectos del alza del precio del petróleo en la competitividad de las exportaciones manufactureras de Centroamérica, México y la República Dominicana, publicado pela Sede Sub-Regional da CEPAL no México, o incremento do preço do petróleo representa uma janela de oportunidade para fortalecer a competitividade das exportações destes países.

Dado que a América Central, México e a República Dominicana (CAM-RD) compartilham um modelo de exportação baseado nas denominadas vantagens comparativas “estáticas”–associadas em particular à proximidade geográfica com os Estados Unidos, ao baixo custo da mão de obra e às preferências tarifárias–, um maior preço de petróleo torna suas exportações mais competitivas, em contraste com as das nações mais distantes, sobretudo asiáticas.

Por outro lado, é importante reconhecer que maiores preços do petróleo têm geralmente causado um impacto negativo nos países importadores líquidos de combustíveis (todos os países estudados exceto México), com significativos custos fiscais e inflacionários.

O documento, elaborado pelos especialistas Carlos Guerrero e Ramón Padilla, usa o software MAGIC (Módulo para Analisar o Crescimento do Comércio Internacional, por sua sigla em inglês) desenvolvido pela CEPAL. Este contém informação em valor e em volume de todos os produtos, por partida tarifária, importados pelos Estados Unidos.

O gráfico a seguir mostra os resultados das simulações em diversos cenários de preços do petróleo. Por exemplo, as exportações de camisetas femininas do México para os Estados Unidos subiriam de 167 milhões de dólares ao ano, com um preço do petróleo de 60 dólares por barril, a mais de 220 milhões anuais se o preço fosse de 150 dólares por barril.

Para que estes países possam aproveitar sua vantagem geográfica, o estudo recomenda fortalecer a competitividade no transporte com ampliação e melhoria da infraestrutura, simplificação dos processos alfandegários e adoção de novas tecnologias. Também se recomenda fortalecer a competitividade em um sentido mais amplo, por meio de alianças estratégicas entre os países da CAM-RD e do fortalecimento das capacidades produtivas e tecnológicas dos países.

O estudo da CEPAL conclui com uma advertência. A competitividade das exportações dos países analisados tem se baseado em forma significativa nas denominadas vantagens estáticas. A duas décadas do início do auge exportador, os países da CAM-RD não foram capazes de aproveitar plenamente as oportunidades oferecidas pela globalização e a atração de empresas. As janelas que se abrem com a alta do preço do petróleo podem representar apenas uma vantagem temporária e sujeitas à erosão.

Neste sentido, o cenário proposto pode servir como detonador para dinamizar as capacidades locais, que permitam, no médio e longo prazo, aos países da CAM-RD competirem com base em um valor agregado maior e não em custos baixos, como já provado em passado recente.