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Autoridades ressaltam contribuições históricas da CEPAL para avançar rumo a um desenvolvimento mais produtivo, inclusivo e sustentável na América Latina e no Caribe

24 de janeiro de 2024|Notícias

Cerimônia de comemoração do 75⁰ aniversário desta comissão regional das Nações Unidas ocorreu no âmbito da Reunião Especial do ECOSOC realizada em Santiago, Chile.

Autoridades do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC) e dos países-membros da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) reconheceram as contribuições que esta comissão regional da ONU realizou ao longo de sua história para fomentar um desenvolvimento mais produtivo, inclusivo e sustentável na região, durante a cerimônia de comemoração do 75⁰ aniversário do organismo. O evento aconteceu no âmbito da Reunião Especial do ECOSOC sobre o “Futuro do Trabalho”, realizada de forma extraordinária em Santiago do Chile.

A comemoração foi liderada por José Manuel Salazar-Xirinachs, Secretário Executivo da CEPAL; a Embaixadora Paula Narváez, Presidente do ECOSOC e Representante Permanente do Chile nas Nações Unidas; o Vice-Ministro das Relações Exteriores da Costa Rica, Alejandro Solano Ortiz, em representação dos países-membros da CEPAL; e o Embaixador da Argentina no Chile, Jorge Faurie, na qualidade de representante do país que ostenta a presidência da CEPAL (no período 2022-2024).

“A história nos diz que a ‘inovação significativa’ frequentemente foi fruto de ‘desafios significativos’. A criação da CEPAL é um exemplo perfeito disso”, declarou Paula Narváez em sua intervenção.

A CEPAL foi estabelecida em 25 de fevereiro de 1948, mediante a resolução 106 (VI) do Sexto Período de Sessões do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC). A ideia foi de Hernán Santa Cruz, advogado e diplomata chileno, que na época era Embaixador do Chile nas Nações Unidas, e que, com grande visão de futuro, apresentou e negociou um projeto de resolução para criar uma comissão econômica para a América Latina.

“Desde então, a CEPAL tem sido um pilar fundamental no apoio aos países da América Latina e do Caribe no desenvolvimento de políticas públicas, apoio operacional, assessoramento, formação, cooperação técnica e coordenação e cooperação regional e internacional. Assim, a CEPAL se converteu num parceiro incomparável na realização de nossas prioridades de desenvolvimento”, enfatizou a Presidente do ECOSOC.

Por sua vez, o Vice-Chanceler da Costa Rica assinalou que a CEPAL é “o guia do pensamento econômico da região, segundo sua evolução e desafios históricos. Durante esses 75 anos, a CEPAL, através da pesquisa rigorosa e profunda da economia e do desenvolvimento social e ambiental, tem sido vital para compreender melhor e abordar os desafios de nossos países”.

O Embaixador da Argentina no Chile, Jorge Faurie, reconheceu e valorizou o trabalho da Comissão durante todos esses anos, desde 1948, “dedicada a colaborar com os governos da região no desenvolvimento econômico de nossos países, no melhoramento do nível de vida de nossos povos e na ampliação e fortalecimento das relações comerciais, dentro e fora da região”.

“Podemos dizer que a CEPAL conseguiu proporcionar, talvez como nenhuma outra comissão econômica nas regiões do mundo, apoio técnico a todos os governos da América Latina e do Caribe, para que eles pudessem identificar os elementos que os ajudem a ter um crescimento sustentável, genuíno e duradouro”, acrescentou o Embaixador Faurie.

Em sua intervenção inicial, o Secretário Executivo da CEPAL, José Manuel Salazar-Xirinachs, repassou alguns dos marcos do pensamento da CEPAL em suas sete décadas de vida. Indicou que em seu início e na década de 1950 a CEPAL promoveu o desenvolvimento latino-americano através de políticas de industrialização conduzidas pelo Estado, como a forma mais eficiente de obter a difusão do progresso técnico num contexto de comércio entre o “centro” e a “periferia” do sistema econômico mundial. Nos anos 1960, adicionou-se outro elemento à mensagem a favor da “industrialização”: a proposta de efetuar reformas institucionais (agrárias, fiscais e financeiras, entre outras) consideradas indispensáveis para permitir a continuidade e aprofundamento do desenvolvimento industrial.

Salazar-Xirinachs explicou que durante os anos 1970 o pensamento da CEPAL avançou em torno de duas linhas fundamentais: a natureza e as dificuldades do crescimento econômico e do desenvolvimento industrial e a distribuição da renda. A profunda crise econômica e social que se abateu sobre a maioria dos países da região nos anos 1980  levou o então Secretário Executivo, Norberto González, a denominá-los de “a década perdida". Durante essa década a CEPAL trabalhou em análise da crise da dívida e formas de renegociá-la.

Na década de 1990 surge o neoestruturalismo como uma corrente de pensamento, com o objetivo de modernizar o pensamento da CEPAL, adaptá-lo às mudanças dessa década e dar-lhe mais visibilidade. Na primeira década do século XXI, o neoestruturalismo se articulou em torno de quatro grandes áreas (macroeconomia e finanças com ênfase em políticas anticíclicas, comércio internacional, desenvolvimento social e sustentabilidade ambiental), temas abordados em várias publicações influentes da Comissão.

O Secretário Executivo prosseguiu assinalando que, embora já estivesse presente no pensamento da CEPAL, a preocupação com a igualdade ganhou centralidade na década de 2010, expressada e fundamentada no conjunto de documentos conhecido como “a trilogia da igualdade”. Acrescentou que a década atual está sendo dominada pela cascata de crises que impactou a região e o mundo a partir da pandemia em 2020. Esses choques concentraram muito nossa atenção na análise dos impactos dessa cascada de crises e no diálogo com os governos e outros atores importantes sobre a gestão de seus efeitos.

“Nosso diagnóstico atual é que a região está passando por uma verdadeira crise do desenvolvimento, que se expressa em três armadilhas ou síndromes principais: 1) uma armadilha de baixo crescimento; 2) uma armadilha de alta desigualdade; e 3) uma armadilha de baixa capacidade institucional e de governança complexa e fraca para enfrentar a magnitude dos desafios do desenvolvimento que temos. Em síntese, hoje o grande desafio dos países da região em matéria de desenvolvimento é como, a partir do momento presente, avançar para construir um futuro mais produtivo, inclusivo e sustentável”, enfatizou José Manuel Salazar-Xirinachs.

Indicou que a CEPAL identificou onze grandes transformações do modelo de desenvolvimento e uma lista de setores impulsores ou dinamizadores para obter um crescimento mais alto, sustentado, inclusivo e sustentável, bem como para acelerar o avanço e as transições para os ODS. Áreas que podem ser objeto de investimento, parcerias e cooperação internacional.

“Esses 75 anos de história e contribuições da CEPAL que resumi nos inspiram a cada dia para trabalhar arduamente e estrategicamente em apoio aos países para a construção de um futuro mais produtivo, inclusivo e sustentável”, finalizou o Secretário Executivo do organismo.