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Lant Pritchett, economista de desenvolvimento da Universidade de Oxford, analisou na CEPAL as políticas educacionais para alcançar um crescimento transformador

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18 de março de 2024|Comunicado de imprensa

O notável acadêmico americano foi o nono e último palestrante a participar do Ciclo de Conferências Magistrais organizado para comemorar o 75° aniversário do organismo regional das Nações Unidas.

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Fotografía de Lant Pritchett y José Manuel Salazar-Xirinachs.
Foto: CEPAL.

“Para que os sistemas educacionais tenham melhores resultados é preciso alinhá-los não só em torno das taxas de escolaridade, mas também dos resultados de aprendizagem”, afirmou Lant Pritchett, economista de desenvolvimento e ex-Diretor do Programa de Pesquisa sobre Melhoria dos Sistemas Educacionais (RISE) da Escola de Governo Blavatnik da Universidade de Oxford, durante uma conferência magistral proferida na sede principal da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) em Santiago, Chile.

“Se quisermos que a escolarização produza mais educação para sustentar o tipo de crescimento produtivo, inclusivo e sustentável a que aspira a CEPAL no futuro, temos que reformular o funcionamento do sistema escolar”, afirmou o notável acadêmico, que foi recebido pelo Secretário Executivo da CEPAL, José Manuel Salazar-Xirinachs.

Pritchett, Doutor em Economia pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e professor visitante na Escola de Políticas Públicas da London School of Economics and Political Science, ofereceu uma apresentação intitulada “Quando o crescimento impulsiona a educação e quando não o faz? Políticas educacionais para um crescimento transformador”, a nona e última do Ciclo de Conferências Magistrais organizado para comemorar o 75º aniversário da CEPAL.

Durante a sua apresentação, afirmou que o crescimento da produção por trabalhador e o crescimento percentual da escolarização simplesmente não estão correlacionados.

Especificou que na América Latina e no Caribe a escolarização aumentou mais rapidamente do que nos países de "alto crescimento", mas teve um crescimento da produção por trabalhador de menos da metade. Isto é, o crescimento defasado da região não pode ser atribuído a uma lenta escolarização, indicou.

“O capital humano é importante para o crescimento econômico, mas a escolarização não produziu suficientes competências para ser capital humano produtivo. Um crescimento inclusivo com transformação produtiva exigirá grandes melhorias nos resultados da aprendizagem”, explicou.

Pritchett sublinhou que o problema não é tanto a "inclusão" de estudantes por situação socioeconômica, mas sim a baixa qualidade do sistema no qual são incluídos, e acrescentou que, nos países de baixa renda, até os alunos privilegiados, de elite socioeconômica, obtêm resultados de aprendizagem muito fracos.

“O que esses baixos níveis nas avaliações tipo PISA implicam é que os estudantes são frequentemente completamente incapazes de aplicar até as habilidades das situações novas, que é provavelmente a parte mais importante da educação para um trabalhador produtivo”, afirmou.

Durante sua apresentação, o notável acadêmico apresentou cinco ações necessárias para pôr o sistema educativo de cada país no caminho para a aprendizagem fundacional precoce universal: comprometer-se com isso; medir a aprendizagem de forma periódica, fiável e pertinente; alinhar os sistemas em torno dos compromissos de aprendizagem; apoiar o ensino; e adaptar o que for adotado.

Nas suas palavras de boas-vindas, José Manuel Salazar-Xirinachs, Secretário Executivo da CEPAL, destacou a série de conferências magistrais organizadas ao longo dos últimos nove meses para comemorar o 75º aniversário da CEPAL.

Acrescentou que o ciclo foi composto por um total de nove conferências que abordaram temas tão variados como o processo de transformação da globalização e suas implicações para a região oferecida por Arancha González; as reformas necessárias na arquitetura financeira internacional, tema abordado por José Antonio Ocampo; e os desafios de financiar os investimentos necessários em adaptação e resiliência à mudança climática, tema, entre outros, coberto por Aloizio Mercadante.

“Abordamos também os principais desafios para o crescimento da região, inclusive as novas visões sobre a complexidade econômica e o desenvolvimento produtivo, por Ricardo Hausmann; os desafios particulares do Caribe por parte de Winston Dookeran; os vínculos entre as políticas de desenvolvimento produtivo e a proteção social, por Santiago Levy; o tema das migrações, a aporofobia e os desafios éticos da humanidade por Adela Cortina; assim como o futuro da democracia em uma era digital e de inteligência artificial, por Daniel Innerarity”.

O máximo representante da CEPAL sublinhou que os conferencistas, temas e enfoques foram deliberadamente selecionados para trazer novas ideias, incorporar perspectivas críticas e inovadoras, enriquecer o acervo de ideias e conhecimento que informa o trabalho da comissão e obter novas ferramentas que assegurem a qualidade, relevância e atualidade do trabalho do organismo nos próximos anos e décadas.

“Hoje nos cabe fechar este riquíssimo e produtivo ciclo, e tenho o prazer de dizer que fecharemos com chave de ouro (…) O trabalho de Lant Pritchett é relevante para o trabalho da CEPAL, organizado acerca das ‘dez lacunas’ do desenvolvimento e dos desafios de governança e construção de capacidades institucionais técnicas, operacionais, políticas e prospectivas no setor público”, destacou.

A CEPAL foi fundada em 1948 como uma das cinco comissões regionais das Nações Unidas. No âmbito da comemoração de seu 75º aniversário, o organismo publicará, no fim de março, um número especial da Revista da CEPAL no  qual serão abordados os desafios do desenvolvimento da região, assim como as grandes transformações que os países da região devem encarar em seus modelos de desenvolvimento e como geri-las.