A cooperação para o desenvolvimento é fundamental para promover a solidariedade internacional e regional e é uma solução para enfrentar as crises globais

A cooperação para o desenvolvimento é um mecanismo fundamental para promover a solidariedade internacional e regional e, ao mesmo tempo, é uma solução para enfrentar as crises globais, concordaram hoje as autoridades reunidas na Primeira Reunião da Conferência Regional sobre Cooperação Sul-Sul da América Latina e do Caribe, que ocorre até quarta-feira, 31 de maio, na sede central da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) em Santiago, Chile.

O encontro intergovernamental, que reúne representantes dos países da região, do Sistema das Nações Unidas e de organismos regionais e internacionais, foi inaugurado por José Manuel Salazar-Xirinachs, Secretário Executivo da CEPAL, e Adriana Cristina Bolaños Argueta, Diretora de Cooperação Internacional do Ministério de Relações Exteriores e Culto da Costa Rica.

A reunião contou com as intervenções especiais de Santiago Cafiero, Ministro de Relações Exteriores, Comércio Internacional e Culto da Argentina (mensagem por vídeo); Pilar Cancela, Secretária de Estado de Cooperação Internacional do Ministério de Assuntos Exteriores, União Europeia e Cooperação da Espanha; e Claudia Sanhueza, Subsecretária de Relações Econômicas Internacionais do Chile, entre outras autoridades.

"A América Latina e o Caribe devem fortalecer seus acordos regionais, políticos e econômicos, aprofundar seus laços de cooperação intrarregional e promover com mais vigor uma voz comum diante do mundo para enfrentar as assimetrias globais. Também deve promover parcerias para o desenvolvimento entre múltiplos atores e setores, bem como em seus múltiplos níveis: Norte-Sul, Sul-Sul, triangular e regional, entre outros", afirmou o Secretário Executivo da CEPAL em seu discurso de abertura.

Salazar destacou que a região enfrenta um deterioro em suas condições de investimento e produção, assim como em suas condições econômicas e sociais da população. Os países de renda média têm sido afetados pelas crises em cascata, e os esforços para conter essas crises têm tido efeitos econômicos e sociais.

Nesse contexto, ele ressaltou que a cooperação para o desenvolvimento é uma solução para enfrentar as crises globais e regionais, e instou a considerar as vulnerabilidades próprias dos países e sub-regiões, de forma a promover uma cooperação regional respeitosa e adequada, visando um desenvolvimento sustentável e resiliente.

Além disso, enfatizou que é hora de reconsiderar os critérios de medição e classificação do desenvolvimento para enfrentar os desafios específicos dos países. Por fim, José Manuel Salazar-Xirinachs ressaltou que "a CEPAL, com a Agenda 2030 como guia, sugere que a cooperação dentro das áreas de trabalho definidas pelos países conduza a iniciativas transformadoras que tenham visão de futuro, baseiem-se em dados, tenham capacidade sinérgica de transformar a realidade e que incentivem e entusiasmem a participação multiator".

Adriana Cristina Bolaños Argueta, por sua vez, enfatizou que a Primeira Reunião da Conferência Regional sobre Cooperação Sul-Sul constitui um marco histórico na região no campo da cooperação regional.

"Em um momento em que o mundo busca intensificar as atividades de resposta e recuperação, e lidar com a ameaça representada pelas mudanças climáticas à nossa existência, a cooperação Sul-Sul e triangular é mais essencial do que nunca", afirmou.

Santiago Cafiero, Ministro das Relações Exteriores, Comércio Internacional e Culto da Argentina, país que assume a Presidência da Conferência, afirmou que a cooperação Sul-Sul e triangular são ferramentas relevantes, pois contribuem para a implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e para alcançar o objetivo geral de erradicar a pobreza em todas as suas formas e dimensões.

"Os desafios globais que enfrentamos mostram a importância que a cooperação adquiriu na região. Com a diminuição dos recursos destinados à cooperação para os países de renda média, a solidariedade do sul global tem sido crucial", enfatizou.

Pilar Cancela, Secretária de Estado de Cooperação Internacional do Ministério de Assuntos Exteriores, União Europeia e Cooperação da Espanha, destacou que a cooperação Sul-Sul se desenvolveu de forma muito ampla na América Latina e no Caribe, graças ao alto grau de institucionalização da cooperação e ao compromisso decidido das instituições em fortalecer os laços entre os países.

Claudia Sanhueza, Subsecretária de Relações Econômicas Internacionais do Chile, por sua vez, expressou que o contexto mundial e regional tem dificultado que países de renda média tenham acesso a financiamento para o desenvolvimento. Portanto, é essencial fortalecer a institucionalidade no campo da cooperação para torná-la mais estratégica, colaborativa e eficaz.

Após a inauguração, o Secretário Executivo da CEPAL fez uma apresentação intitulada Avanços e desafios para a cooperação Sul-Sul na América Latina e no Caribe no contexto da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, na qual reiterou que a cooperação internacional para o desenvolvimento, em particular a cooperação Sul-Sul e triangular, são fundamentais para o desenvolvimento sustentável e para melhorar o nível de vida da população por meio do intercâmbio de informações, conhecimentos, tecnologia, experiências e mobilização de recursos. Ele acrescentou que hoje, mais do que nunca, a cooperação Sul-Sul está chamada a pensar em alternativas transformadoras.
"Com base na liderança dos Estados, a cooperação pode ser fortalecida unindo os esforços de múltiplos atores, como organizações internacionais, bancos de desenvolvimento, sociedade civil, setor acadêmico e setor privado. É nisso que reside a enorme importância desta reunião", concluiu.

Durante a Primeira Reunião da Conferência Regional sobre Cooperação Sul-Sul, os participantes irão analisar os desafios da cooperação internacional para o desenvolvimento no novo contexto mundial e outros temas de interesse associados. Em 31 de maio, os países membros alinharão posições e analisarão mecanismos de cooperação com vistas à Terceira Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e da União Europeia, que será realizada de 17 a 18 de julho de 2023 em Bruxelas, Bélgica.