Países reafirmam seu compromisso com um desenvolvimento mais produtivo, inclusivo e sustentável para a América Latina e o Caribe

Representantes dos países da América Latina e do Caribe reafirmaram hoje seu compromisso com um desenvolvimento mais produtivo, inclusivo e sustentável durante a inauguração do quadragésimo período de sessões da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), que ocorre até sexta-feira, 11 de outubro, em Lima, Peru.

Na abertura de sua reunião bienal mais importante, a CEPAL convidou os governos e as sociedades da região a repensar, reimaginar e transformar com uma visão prospectiva e de longo prazo, para assumir a construção do futuro sob uma governança fortalecida e proativa.

O encontro foi inaugurado por Dina Boluarte, Presidente do Peru; Amina Mohammed, Secretária-Geral Adjunta das Nações Unidas (por vídeo); e José Manuel Salazar-Xirinachs, Secretário Executivo da CEPAL. Também participou Samuel Ortiz, Embaixador da Argentina no Peru, na qualidade de representante do país que exerceu a Presidência do trigésimo nono período de sessões da CEPAL.

Durante  sua intervenção, a Presidente Dina Boluarte destacou o trabalho da CEPAL e sublinhou a contribuição da organização para o fortalecimento das relações entre os países da região, bem como para a coordenação de posições sobre o desenvolvimento em fóruns internacionais.

“Hoje, o Peru ratifica seu compromisso com o multilateralismo, com o sistema das Nações Unidas e com a CEPAL. Durante a Presidência da Comissão, que hoje receberemos das mãos da Argentina, o Peru se compromete a trabalhar de forma decidida para impulsionar a cooperação entre nossos países e realizar a coordenação para continuar avançando em nossas prioridades de desenvolvimento”, disse a mandatária.

Em uma mensagem de vídeo, a Secretária-Geral Adjunta das Nações Unidas, Amina Mohammed, enfatizou a necessidade de uma forte cooperação multilateral para alcançar o desenvolvimento sustentável e pediu para dar um duplo impulso à implementação da Agenda 2030.

“Na Cúpula do Futuro, os Estados-membros reafirmaram a necessidade de uma cooperação multilateral sólida para lograr um desenvolvimento sustentável. O Pacto para o Futuro resultante envia uma mensagem inequívoca: a cooperação internacional é um imperativo para abordar a multiplicidade de crises que enfrentamos hoje em dia”, sublinhou Amina Mohammed, ao destacar o papel que a CEPAL desempenha no apoio aos países para alcançar o desenvolvimento sustentável.

Por sua vez, o Embaixador da Argentina no Peru, Samuel Ortiz Basualdo, em representação da presidência cessante da CEPAL, reconheceu o impacto significativo da CEPAL no pensamento acadêmico e nas políticas públicas da região.

Em seu discurso inaugural, o Secretário Executivo da CEPAL, José Manuel Salazar-Xirinachs, instou a região a agir e a empreender ações decisivas, integradas e coordenadas, que permitam superar as armadilhas do desenvolvimento e avançar em direção a um futuro mais produtivo, inclusivo e sustentável, bem como para ajudar a construir um mundo melhor no cenário internacional.

O representante máximo da CEPAL destacou “o momento único e extraordinário” pelo qual o mundo está passando e celebrou a aprovação do Pacto para o Futuro, aprovado na Cúpula do Futuro realizada em setembro na sede das Nações Unidas em Nova York.

“Na CEPAL, acreditamos que, com o acompanhamento adequado, o Pacto para o Futuro pode ser um acelerador para a realização da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, afirmou.

Além disso, ele  celebrou os 75 anos de contribuição da organização regional para o pensamento e a prática do desenvolvimento econômico e social na América Latina e no Caribe, e reafirmou o compromisso da Comissão em continuar gerando um pensamento crítico e inovador, adaptado aos desafios e demandas atuais, tanto regionais quanto globais.

Após a inauguração, José Manuel Salazar-Xirinachs apresentou o documento de posição intitulado América Latina e Caribe diante das armadilhas do desenvolvimento: Transformações indispensáveis e como administrá-las, que submete à consideração dos países uma nova proposta sobre como gerenciar o que a CEPAL considera como as transformações indispensáveis para superar as armadilhas e fechar as lacunas de desenvolvimento que afetam a região.

“Este não é apenas mais um documento, mas sim um que aspira a traçar novas direções no pensamento, pesquisa e assistência técnica da CEPAL e convida os governos e as sociedades a repensar, reimaginar e transformar com uma visão prospectiva ou de longo prazo, para assumir a construção do futuro sob uma governança fortalecida e antecipatória”, afirmou.

Acrescentou que se trata de uma proposta inovadora que enfatiza a importância de mover-se do o “quê” para o “como” realizar as transformações. Ou seja, oferece recomendações que vão além de listas de objetivos e aspirações, ao abordar sistematicamente os desafios da governança, as capacidades das instituições, a economia política e o diálogo social para alcançar transformações exitosas.

“Com este documento, aspiramos a indicar direções que alimentem, com uma combinação de pragmatismo e efetividade, as esperanças de que um futuro melhor é possível, em uma região de paz, comprometida com o desenvolvimento em democracia e com um multilateralismo e cooperação internacional fortalecidos”, concluiu.

O documento institucional apresentado pela CEPAL foi comentado por um painel que foi moderado por Elmer Schialer, Ministro das Relações Exteriores do Peru, e no qual participaram Rebeca Grynspan, Secretária-Geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD); Piero Ghezzi, Especialista internacional em desenvolvimento econômico e informalidade e ex-Ministro da Produção do Peru; Luis Bértola, Professor Titular do Programa de História Econômica e Social da Universidade da República do Uruguai, e Eric Parrado, Economista-Chefe e Gerente Geral do Departamento de Pesquisa do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Após a apresentação, chanceleres e altas autoridades dos países membros da CEPAL dialogaram sobre os desafios do desenvolvimento da região.

Durante os três dias de reunião, as autoridades também participarão em um seminário de alto nível composto por quatro mesas temáticas  que abordarão quatro das onze transformações indispensáveis identificadas: como alcançar um crescimento mais alto, sustentado, inclusivo e sustentável; como reduzir a desigualdade e promover a inclusão e a mobilidade social; como promover a sustentabilidade e enfrentar a mudança climática; e como mobilizar recursos financeiros para o desenvolvimento.

O encontro marca o início do exercício da presidência da CEPAL por parte do Peru, que se estenderá até o próximo período de sessões (em 2026), e o término da atual presidência, exercida pela Argentina (em virtude de ter sido o país anfitrião do 39⁰ período de sessões, realizado em Buenos Aires em 2022).