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Em conferência na CEPAL, Winston Dookeran recomenda que o Caribe mude seu modelo de integração e crie espaços de convergência mais amplos

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25 de outubro de 2023|Comunicado de imprensa

O renomado economista e político de Trinidad foi o quinto orador a participar no Ciclo de Conferências Magistrais organizado para comemorar o 75° aniversário do organismo regional das Nações Unidas.

É necessária uma mudança no modelo de integração do Caribe (que parece estar limitado pelo tamanho, desenho e inércia) para criar espaços de convergência mais amplos, que abordem âmbitos como a produção, o marco institucional e as fronteiras econômicas, propôs Winston Dookeran, ex-chanceler de Trinidad e Tobago e atual Secretário-Geral da Universidade EUCLID, durante uma conferência magistral ministrada na sede principal da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) em Santiago do Chile.

Para aumentar a visibilidade da situação e perspectiva do Caribe e contribuir para a reflexão e a ação sub-regional, o economista e político de Trinidad participou do Ciclo de Conferências Magistrais organizado para comemorar o 75º aniversário da CEPAL. Dookeran ofereceu uma apresentação intitulada “Estrutura e sinergia no desenvolvimento: o cenário do Caribe e seu futuro”, a quinta da série iniciada em julho e programada até fevereiro de 2024.

Dookeran, que foi recebido pelo Secretário Executivo da CEPAL, José Manuel Salazar-Xirinachs, descreveu a Comissão como uma “fonte de ideias do desenvolvimento”, reconhecida internacionalmente.

“A CEPAL se manteve firme como uma instituição com valores e dignidade”, que “nunca se desviou da busca do bem público do desenvolvimento” e que “se manteve fiel à missão de buscar novas ideias” para o avanço dos países, disse.

Em sua apresentação, o ex-Ministro das Finanças de Trinidad e Tobago analisou a forma em que a estrutura da economia caribenha está mudando em um mundo multipolar, examinou a “geometria” da crise provocada pela pandemia de COVID-19, se referiu às dificuldades da sub-região para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e abordou as limitações e restrições que impedem o Caribe de acessar e aproveitar o financiamento para o desenvolvimento.

“A chave para abordar os desafios de desenvolvimento do Caribe reside na estratégia da mudança estrutural”, assegurou Dookeran, ressaltando que, em uma era pós-COVID-19, urge contar com “amortecedores” para absorver os choques econômicos, tema que deveria ser parte da agenda de reformas da arquitetura financeira internacional, afirmou.

Durante sua exposição, o também acadêmico de Trinidad destacou o papel da governança, o fortalecimento das instituições e a redefinição do papel do Estado para fechar a lacuna entre a teoria e a prática e alcançar o desenvolvimento esperado.

Urge formular um marco institucional para promover a “equidade social sustentável”, afirmou. Isto inclui cobertura universal de saúde, renda mínima garantida para todos e governança comunitária robusta e inclusiva, disse.

“Chegou o momento de redefinir os papéis do Estado e do mercado no processo de desenvolvimento. Um novo papel do Estado, nem controlador nem facilitador, deve possibilitar a mudança. Deve-se explorar uma nova sinergia entre o Estado e o mercado: um papel ‘catalisador’ para o Estado”, ressaltou.

Dookeran indicou também a necessidade de se preparar para o avanço tecnológico que supõe a inteligência artificial, o que envolve, entre outras coisas, a digitalização da economia e medidas para promover a mudança técnica nas pequenas e médias empresas.

Durante sua intervenção, José Manuel Salazar-Xirinachs, Secretário Executivo da CEPAL, ressaltou que “o Caribe é tão belo como vulnerável e frágil. Muitos países do Caribe se caracterizam por ter importantes vulnerabilidades multidimensionais que dificultam seu caminho para o desenvolvimento sustentável de longo prazo”.

Ao ser particularmente vulnerável aos impactos da mudança climática, “a sub-região parece estar presa em um ciclo de desastres, recuperação com baixo crescimento, empréstimos, grandes déficits e dívida que desafiam os esforços para avançar rumo a um desenvolvimento resiliente e sustentável”, contextualizou o máximo representante do organismo regional das Nações Unidas.

Como resposta a este complexo cenário, Salazar-Xirinachs destacou que os líderes do Caribe se mostraram unidos e se fizeram ouvir nos diversos fóruns mundiais, fazendo um apelo a redobrar os esforços para enfrentar a mudança climática e obter justiça climática; buscar apoio para abordar os desastres naturais; e reformar a arquitetura financeira global para torná-la mais justa e inclusiva.

Os diplomatas caribenhos contribuíram decisivamente aos esforços para reinventar a ordem econômica global, mencionando, por exemplo, a Iniciativa Bridgetown, liderada pela Primeira-Ministra de Barbados, Mia Amor Mottley; a Iniciativa sobre Financiamento para o Desenvolvimento na Era da COVID-19 e mais além, impulsionada pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, e copresidida pelo Primeiro-Ministro da Jamaica; e o Fundo para Perdas e Danos, promovido pela Aliança de Pequenos Estados Insulares e concretizado sob a Presidência de Antígua e Barbuda durante a COP27, entre outras.

Antígua e Barbuda acolherá a Quarta Conferência Internacional sobre os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento e liderará os debates sobre um novo e ambicioso Programa de Ação.

O atual Presidente do 78º período de sessões da Assembleia Geral das Nações Unidas, Embaixador Dennis Francis de Trinidad e Tobago, também sublinhou a necessidade de defender a causa dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, ressaltou José Manuel Salazar-Xirinachs.

"Na CEPAL nos sentimos honrados de ajudar a elevar a perspectiva do Caribe e contribuir à reflexão e ação sub-regional sobre o desenvolvimento sustentável", concluiu.