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Arancha González Laya insta a impulsionar um novo sistema de comércio internacional que seja mais inclusivo e assegure uma melhor distribuição de seus custos e benefícios

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24 de julho de 2023|Comunicado de imprensa

A Decana da Escola de Assuntos Internacionais de Paris e ex-Ministra de Assuntos Exteriores, União Europeia e Cooperação da Espanha abriu o ciclo de Conferências Magistrais organizadas no âmbito da comemoração do 75º aniversário da CEPAL.

A Decana da Escola de Assuntos Internacionais de Paris (PSIA) do Instituto de Estudos Políticos (Sciences Po), Arancha González Laya, instou a impulsionar um novo sistema de comércio internacional que seja mais inclusivo e assegure uma melhor distribuição de seus custos e benefícios, durante uma conferência magistral na sede da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) em Santiago, Chile, onde foi recebida por José Manuel Salazar-Xirinachs, Secretário Executivo do organismo regional.

“Convido a CEPAL a ser um motor de pensamento de uma nova ordem econômica internacional que nos ajude a não repetir o centro e periferia que marcou seu início, mas que permita que todos - centro e periferia, norte e sul - possam melhorar a vida de seus cidadãos através da economia, do comércio internacional e da integração regional”, sublinhou.

A ex-Ministra de Assuntos Exteriores, União Europeia e Cooperação da Espanha apresentou uma conferência intitulada “Globalização, regionalização e os desafios da integração econômica da América Latina e do Caribe”, que deu início a um ciclo de Conferências Magistrais organizadas no âmbito da comemoração do 75º aniversário da CEPAL.

“Nos dirigimos a um novo mundo com a luta pela hegemonia global como pano de fundo. Um mundo no qual o fechamento, e não a abertura, aparece como regra principal”, advertiu durante sua fala.

Declarou que a ordem econômica internacional foi sofrendo embates e transformações. O primeiro foi a crise financeira de 2008, que deixou grandes cicatrizes de desigualdade e mostrou as enormes falhas de um sistema aberto, mas com regulação insuficiente.

“Devemos buscar um novo consenso internacional para o comércio e a economia, hoje atravessados pelo risco e o custo de uma nova exclusão, de outra nova fragmentação geopolítica”, declarou.

“Este é o momento para que a CEPAL volte a mostrar essa capacidade de liderança em imaginar o sistema econômico internacional. É importante continuar tecendo acordos internacionais para gerir nossa interdependência e fazê-lo de forma multilateral”, acrescentou.

Arancha González Laya sublinhou que o sistema multilateral talvez já não tenha a missão de favorecer a convergência, mas de ajudar a gerir o risco de divergências, de evitar que diferenças ou disputas comerciais se transformem em guerras comerciais.

Indicou que o sistema comercial multilateral terá que encontrar um novo equilíbrio em três questões fundamentais: a segurança nacional, as subvenções públicas e o sistema de solução de conflitos.

“Estas regras serão provavelmente mais flexíveis do que são hoje, mas precisamos delas, porque sem elas não poderemos garantir a igualdade de oportunidades de todos os membros da comunidade internacional na economia. Estaremos então criando um novo centro, com uma nova periferia”, afirmou.

A Decana da Escola de Assuntos Internacionais de Paris sublinhou que é necessária a implementação de medidas para que o comércio beneficie todos.

“Trata-se de uma tarefa de coerência de políticas públicas. Muitos dos problemas de nossas economias não têm a ver com suas políticas comerciais, têm muito a ver com a ausência de outras políticas: um sistema fiscal justo, uma educação e formação de qualidade, redes de proteção social para os cidadãos que hoje também enfrentam este enorme desafio das transformações tecnológicas, climáticas e geopolíticas em nossas economias e têm que ser capazes de abordá-las; ou políticas industriais abertas que garantam o investimento sem desequilibrar o jogo”, enfatizou.

Na abertura da conferência, o Secretário Executivo da CEPAL, José Manuel Salazar-Xirinachs, destacou que, no ano de comemoração do 75º aniversário da comissão regional, é muito apropriado iniciar o ciclo de Conferências Magistrais com a exposição de Arancha González Laya sobre globalização, regionalização e os desafios da integração econômica da América Latina e do Caribe, não só pelas grandes mudanças que estão ocorrendo no mundo e na globalização, mas também porque é um tema que foi central nas preocupações históricas da CEPAL.

“Desde o início a CEPAL não só analisou, mas também teorizou a natureza do sistema econômico mundial, começando pelo bem conhecido modelo de centro e periferia, seguindo pelas teorias da dependência e outros enfoques, e fez recomendações práticas para melhorar o sistema econômico mundial, tanto no campo comercial como no financeiro, para torná-lo mais amistoso para as aspirações de desenvolvimento da América Latina e do Caribe, e para os países em desenvolvimento em geral”, afirmou.

O alto funcionário das Nações Unidas destacou que esse ciclo de conferências não só celebrará as grandes contribuições do passado, mas permitirá refletir sobre os desafios atuais e futuros da região e da CEPAL.

“Convidamos pensadores eminentes para nos acompanhar até a conclusão do ciclo comemorativo em fevereiro de 2024, com o fim de compartilhar temáticas e novas perspectivas para orientar um diálogo e pensamento renovado sobre os próximos anos da região e da organização”, complementou.

Finalmente, o máximo representante da CEPAL anunciou que todas as conferências magistrais serão compiladas em um livro comemorativo dos 75 anos que será publicado em meados de 2024.