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Fechamento de assimetrias, financiamento para o desenvolvimento e bens públicos globais são chaves para uma recuperação transformadora em linha com a Agenda 2030

17 de março de 2021|Notícias

Representantes de governos, de organismos internacionais, do setor privado e da sociedade civil participaram dos debates do segundo dia da quarta reunião do Fórum dos Países da América Latina e do Caribe sobre o Desenvolvimento Sustentável, que é realizado de forma virtual.

Os participantes dos debates do segundo dia da quarta reunião do Fórum dos Países da América Latina e do Caribe sobre o Desenvolvimento Sustentável, que está sendo realizado de forma virtual sob a Presidência da Costa Rica, propuseram a necessidade de fechar as atuais assimetrias financeiras, climáticas e sanitárias presentes no mundo, garantir o financiamento para o desenvolvimento e criar bens públicos globais - entre eles uma vacinação equitativa contra a COVID-19 - para avançar em direção a uma recuperação transformadora em linha com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

Durante a Mesa 1: Saúde e economia, um falso dilema? foi destacado o fato de que “sem saúde não há economia nem sociedade possível” e que o bem-estar da população é pré-requisito para uma recuperação sustentável da América Latina e do Caribe. Enfatizou-se também, a urgência de contar com instituições sólidas para enfrentar a atual pandemia, fortalecer a capacidade dos Estados de prever novas crises, garantir a participação de todos os atores, entre eles, da sociedade civil, e fomentar a transparência e a prestação de contas por parte das instituições públicas.

O painel começou com reflexões de Carissa F. Etienne, Diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), e continuou com intervenções de Joy St. John, Diretora-Executiva da Agência de Saúde Pública do Caribe; Alejandro Werner, Diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI); e Blanca Margarita Ovelar de Duarte, Senadora Nacional do Paraguai e Presidente do ParlAméricas.

A eles se juntaram Mónica Jasis, ponto focal do grupo de apoio às Pessoas Migrantes e Deslocadas por Desastres ou Conflitos, da Mesa de Vinculação do Mecanismo de Participação da Sociedade Civil na Agenda de Desenvolvimento Sustentável e no Fórum dos Países da América Latina e do Caribe sobre o Desenvolvimento Sustentável; Román Macaya, Presidente Executivo do Fundo de Previdência Social da Costa Rica; Daniel Innerarity, Diretor do Instituto de Governança Democrática da Espanha; e Martha Delgado Peralta, Subsecretária para Assuntos Multilaterais e Direitos Humanos da Secretaria de Relações Exteriores do México, com a moderação de Alberto Arenas, Diretor da Divisão de Desenvolvimento Social da CEPAL.

Em uma intervenção especial, Alicia Bárcena, Secretária-Executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), reiterou a importância do multilateralismo diante das graves assimetrias globais, regionais e nacionais evidenciadas e ampliadas durante a pandemia, entre elas, as assimetrias financeiras, climáticas e da saúde e do acesso às vacinas contra COVID-19. “É o momento de a América Latina e o Caribe pensarem coletivamente” e potencializarem sua integração por meio, por exemplo, de mecanismos como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), especificou.

“Nossa sociedade precisa construir resiliência e a única saída é criar uma sociedade do cuidado, que privilegie a proteção social, os bens públicos, por meio de novos pactos políticos e sociais”, afirmou.

A Mesa 2: Crise, recuperação e transformação na década de ação para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, entretanto, contou com a participação de Cristina Gallach Figueras, Secretária de Estado das Relações Exteriores e da Ibero-América e do Caribe, da Espanha; Camillo Gonsalves, Ministro de Finanças, Planejamento Econômico, Desenvolvimento Sustentável e Tecnologia da Informação de São Vicente e as Granadinas e Presidente do Comitê de Desenvolvimento e Cooperação do Caribe (CDCC); e André Lara Resende, Pesquisador Principal Associado da Escola de Assuntos Internacionais e Públicos da Universidade de Columbia.

Interviram também, José Francisco Pacheco, Diretor da Junta Diretiva do Banco Central da Costa Rica; Maurizio Bezzeccheri, Diretor para a América Latina da Enel; e Laura Becerra Pozos, ponto focal suplente do grupo de Redes, Coletivos, Organizações e Plataformas de ONGs, da Mesa de Vinculação do Mecanismo de Participação da Sociedade Civil na Agenda de Desenvolvimento Sustentável e no Fórum dos Países da América Latina e da América Latina Caribe sobre o Desenvolvimento Sustentável, com a moderação de Mario Cimoli, Secretário-Executivo-Adjunto da CEPAL.

A pandemia forçou os países a reagirem rapidamente a inúmeros desafios e torna imperativo repensar as atuais políticas para acelerar uma recuperação transformadora, afirmaram os representantes no painel. Isso implica aumentar a produtividade e preparar as economias para o futuro, assim como eliminar a pobreza e reduzir a desigualdade social. Destacou-se também, a necessidade de avançar em direção a Estados de bem-estar no âmbito de uma mudança no modelo de desenvolvimento, assim como a importância da cooperação internacional.

Em seu discurso de encerramento, Alicia Bárcena alertou para os vários riscos que os países da região enfrentam em seu caminho para um futuro diferente, entres eles, a reprimarização das economias e a ineficiência da insustentabilidade ambiental e da desigualdade. “O atual modelo de desenvolvimento está ancorado em uma estrutura e nossas sociedades não estão criando riqueza, mas extraindo”, explicou, citando a economista Mariana Mazzucato. “Temos que gerar valor. Existe aí uma fonte de desigualdade muito grande”, afirmou.

“O chamado que o Caribe nos faz é muito importante. O alívio da dívida é necessário hoje, é um imperativo, é insustentável. A única forma em que se pode sair à frente é com investimentos em adaptação climática”, concluiu.

A quarta reunião do Fórum dos Países da América Latina e do Caribe sobre o Desenvolvimento Sustentável, que pela primeira vez em sua história é realizada de forma virtual, reúne mais de 1.200 representantes de governos, sociedade civil, organismos internacionais, setor privado e o meio acadêmico, que até quinta-feira, 18 de março, analisará os avanços e desafios da implementação da Agenda 2030 na América Latina e no Caribe, a região em desenvolvimento mais impactada pela COVID-19 do ponto de vista sanitário, econômico e social.