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As exportações do MERCOSUL se recuperam dos efeitos da pandemia: aumentaram 18,2% em 2022

23 de agosto de 2023|Notícias

Nova edição do Boletim de Comércio Exterior do bloco, preparado pela CEPAL, assinala que os desafios para 2023 continuam vinculados ao fortalecimento do espaço interno na busca de uma maior integração produtiva.

As exportações de bens do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) aumentaram 18,2% em 2022 e superaram em 43,9% o nível de 2019, impulsionadas pelo notável crescimento dos preços das matérias-primas devido à guerra na Ucrânia e pelo aumento de 3,2% nos volumes, assinala a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) em um novo documento divulgado hoje.

En uma nova edição do Boletim de Comércio Exterior do Mercosul (N⁰ 6): “Novos canais para a integração na pós-pandemia”, a CEPAL destaca que o MERCOSUL experimentou um crescimento de 1,3% na atividade econômica (2,0% se incluirmos a Venezuela) em 2022, que foi menor que o do ano anterior, em consonância com a desaceleração da economia global.

Segundo informa o organismo regional das Nações Unidas, os valores importados também aumentaram de forma significativa no ano passado. A partir do crescimento da atividade econômica, o volume das compras externas aumentou 4,0% no ano, enquanto o aumento nos preços internacionais, especialmente da energia e dos fertilizantes, resultou em um aumento de 20,1% nos preços de importação, dando lugar a uma elevação de 24,9% no valor importado pela sub-região.

“Os desafios em 2023 continuam vinculados ao fortalecimento do espaço interno na busca de uma maior integração produtiva que promova a diversificação, o dinamismo exportador e o aumento da participação de serviços modernos e digitais”, ressalta o documento.

De acordo com a publicação, o comércio exterior de serviços, que não havia superado o retrocesso sofrido durante a pandemia de COVID-19, terminou de recuperar-se em 2022 graças ao impulso do turismo emissivo e receptivo, o dinamismo dos serviços modernos e a elevação dos custos do transporte. As exportações e as importações de serviços registraram aumentos de 33,4% e 40,9%, respectivamente.

A recuperação do comércio de serviços, estruturalmente deficitário para o MERCOSUL, propiciou um resultado negativo para o bloco de 1,8% do PIB, que foi compensado plenamente pelo saldo superavitário alcançado pelo comércio de bens, o que se expressou em um equilíbrio na balança comercial geral, após dois anos de superávit.

Em 2023, a CEPAL prevê maiores desafios para a atividade econômica e o comércio exterior do MERCOSUL num contexto de baixo crescimento internacional, redução dos preços das matérias-primas de exportação e manutenção da conflitividade internacional. A isso se somam os efeitos negativos causados pela seca sobre a produção agropecuária da Argentina e Uruguai, embora o resultado do bloco possa ser compensado pelo bom desempenho do setor no Brasil.

A Comissão indica que o crescimento do volume exportado pelo bloco na última década foi de apenas 2,1% ao ano, inferior ao volume das exportações globais (2,8% ao ano) e que o desempenho das vendas externas do MERCOSUL depende do impacto dos preços dos produtos internacionais e das condições climáticas, refletindo assim a vulnerabilidade resultante de uma inserção externa altamente concentrada em recursos naturais em todos os países do bloco.

Assim como em edições anteriores deste Boletim, ressalta-se que a crescente especialização primária está associada em boa medida com o retrocesso do comércio dentro do bloco, que continuou perdendo peso no total, alcançando um mínimo histórico de 10,5% das vendas externas totais em 2022, enquanto ganharam terreno os destinos fora do bloco, como a Aliança do Pacífico, a União Europeia, Ásia (com exceção da China, cujos volumes importados diminuíram devido à política “COVID zero”) e Estados Unidos.

Assim, nesta nova edição do Boletim de Comércio Exterior do MERCOSUL a CEPAL aborda novas estratégias para potencializar a integração, com foco na oportunidade que o comércio eletrônico representa. Sendo o MERCOSUL uma das regiões de maior dinamismo em matéria de comércio eletrônico no âmbito nacional e tendo sido pioneiro na inclusão do comércio digital em sua agenda, os avanços efetivos no comércio eletrônico entre membros do bloco ainda são limitados.

Para aproveitar os acordos existentes é preciso superar diversos tipos de obstáculos regulatórios, restrições à importação de serviços ou para a compra em plataformas de outro país do bloco e a realização de pagamentos aos parceiros do exterior, assinala o organismo. O relatório ressalta a necessidade de melhorar a conectividade, fortalecer as habilidades digitais e o acesso à informação e a dispositivos eletrônicos, além de avançar em matéria de logística e facilitação do comércio, em particular no que se refere à interoperabilidade dos sistemas de pagamentos. Essa agenda deve promover a inclusão financeira e apoiar a digitalização e internacionalização das PME.

Finalmente, a Comissão assinala e que, além da facilitação do comércio e uma maior harmonização regulatória, os esforços para aprofundar a integração regional exigem uma agenda mais ambiciosa de articulação entre as estratégias dos países. Tal agenda deve ser apoiada por políticas de transformação produtiva que permitam explorar as complementaridades entre os países-membros, diversificar as demandas de bens e serviços dentro do bloco e, com isso, o conjunto de sua oferta exportadora.