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América Latina requer políticas de inovação, crescimento e distribuição da renda

1 de outubro de 2013|Notícias

Novo documento editado pela Sede Sub-Regional da CEPAL no México examina a evolução das economias da região entre 1990 e 2011, com o fim de detectar avanços e retrocessos associados às reformas de mercado que foram aplicadas em forma alinhada com o Consenso de Washington e outras políticas que se afastaram dessas orientações.

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Foto: Jeffrey Arguedas/EFE

A América Latina requer em forma concomitante políticas de inovação, crescimento e distribuição da renda para enfrentar os desafios pendentes em seu desenvolvimento, segundo uma nova publicação editada pela Sede Sub-Regional da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) no México.

No documento Crecimiento económico, innovación y desigualdad en América Latina: Avances, retrocesos y pendientes Post-Consenso de Washington, de autoria de Gabriela Dutrénit, Juan Carlos Moreno-Brid e Martín Puchet Anyul (com a colaboração de Eduardo Moreno), se examina a evolução das economias da região entre 1990 e 2011, com o fim de detectar avanços e retrocessos associados às reformas de mercado realizadas alinhadas com o Consenso de Washington e as políticas econômicas que, desvinculadas dessas orientações, o sucederam.

O estudo centra sua atenção em três aspectos: a expansão do produto por habitante, a inovação e a distribuição pessoal da renda. Segundo os autores, as relações entre padrões de crescimento, sistemas de inovação e indicadores de bem-estar das economias determinam se as trajetórias observadas no longo prazo mostram a configuração de regimes de desenvolvimento na região.

De igual forma, no documento se analisam as mudanças no peso relativo dos componentes da demanda agregada no crescimento econômico e as repercussões do investimento em pesquisa e desenvolvimento experimental sobre o sistema de inovação. Ademais, estabelece quais são os efeitos dessas modificações e repercussões sobre o bem-estar medido pela variação da renda per capita e sobre a igualdade na distribuição da renda.

De acordo com o informe, a visão de que se requerem políticas simultâneas de inovação, crescimento e distribuição da renda contradiz a interpretação tradicional, que vincula de maneira linear a inovação com competitividade internacional e esta última com crescimento e distribuição equitativa da renda, com o que o sistema de inovação é visto como uma entidade a serviço de uma inserção crescente dos países no mercado global.

Segundo os autores, esta visão deixa de perceber que o sistema de inovação está imerso nas condições estruturais de cada país e que a transmissão automática de inovação a crescimento e de crescimento a bem-estar não se observa na experiência latino-americana recente.

Assinalam que, ao contrário, é preciso integrar políticas orientadas à consolidação de capacidades tecnológicas tanto horizontais como seletivas, políticas de crescimento que estimulem o investimento em setores estratégicos para a inovação e para satisfazer necessidades básicas e políticas redistributivas baseadas tanto em política fiscal como em gasto social.

O documento revela sérias dificuldades para formular e aplicar recomendações genéricas válidas para as tão diversas condições estruturais, instituições e experiências dos países. Onde há crescimento orientado pelas exportações, conectado às cadeias globais, é importante formular políticas de encadeamentos de empresas nacionais e de fortalecimento das capacidades em ciência, tecnologia e inovação (CTI) para que os segmentos nacionais gerem uma proporção maior de valor agregado. Onde há crescimento baseado em investimento é importante colocar o foco no fortalecimento de um setor produtivo que seja competitivo em nível internacional, o que supõe também manter o esforço de investimento em CTI.

O sistema de inovação não deve permanecer alheio ao alcance de maior bem-estar. Por isso as políticas de fortalecimento de capacidades científicas e tecnológicas e de promoção da inovação, de modo conjunto, devem atender às necessidades básicas de alimentação, saúde e educação da população e gerar um desenvolvimento inclusivo, conclui o estudo.