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Em 2022, o montante das emissões de títulos da América Latina e do Caribe foi o valor anual de dívida internacional mais baixo desde 2008

28 de março de 2023|Notícias

Segundo o mais recente relatório da CEPAL sobre fluxos de capitais da região, a maior desaceleração ocorreu no setor empresarial.

Num contexto de taxas de juros e custos de endividamento mais elevados no mundo, a emissão de títulos internacionais da América Latina e do Caribe (ALC) em 2022 totalizou 64 bilhões de dólares, 57% menos que em 2021 e o valor anual mais baixo desde 2008, segundo o mais recente relatório da CEPAL sobre fluxos de capitais da região.

O estudo Fluxos de capitais para a América Latina e o Caribe: balanço de 2022 e primeiros acontecimentos de 2023 (Capital Flows to Latin America and the Caribbean: 2022 year-in-review and 2023 early developments, somente em inglês) oferece um panorama das emissões internacionais de títulos, os diferenciais de taxa de juros e as classificações de crédito da região em 2022 e no início de 2023. Este relatório, que apresenta e analisa as principais tendências e evolução dos fluxos de capitais para a região, é publicado pelo escritório da CEPAL em Washington, D.C. três vezes por ano.

Segundo o relatório, o cupom médio foi 1,3% superior e o vencimento médio três anos inferior ao de 2021. A preocupação com a inflação mundial, o endurecimento da política monetária da Reserva Federal dos Estados Unidos, a força do dólar e a guerra na Ucrânia contribuíram para elevar os custos de financiamento.

A maior desaceleração em 2022 ocorreu no setor empresarial, que desde 2009 era o principal motor das emissões de dívida internacional da região. Em conjunto, as emissões corporativas (inclusive bancos privados, entidades privadas não bancárias, entidades quase-soberanas e supranacionais) diminuíram 66% em relação ao ano anterior. Em termos interanuais, as emissões de bancos privados e entidades não bancárias combinadas diminuíram 72% em 2022 em relação a 2021. As emissões de empresas quase-soberanas e de entidades supranacionais caíram 59% e 15%, respectivamente. As emissões soberanas (dos governos) diminuíram 43%, menos que as emissões corporativas globais, e representaram 51% do total de emissões de dívida internacional da região em 2022.

De acordo com o relatório, os três emissores principais da região, tanto corporativos como soberanos combinados, foram México, Chile e Brasil, nessa ordem, que juntos representaram 59% da emissão regional total. O México foi o principal emissor, representando 26% de todas as emissões de títulos da ALC em 2022, seguido do Chile (17%) e Brasil (16%). México e Chile foram também os dois principais emissores soberanos da região. Juntos representaram metade de todas as emissões soberanas da região. As emissões de títulos do Brasil em 2022 foram todas do setor empresarial, representando JBS S.A., a maior empresa processadora de carne do mundo, 60% do total. Seguindo as tendências recentes, mais da metade de todas as emissões de títulos corporativos da ALC procederam de empresas brasileiras (32%) e mexicanas (22%).

Seguindo a tendência geral do mercado de reduzir a atividade dos títulos devido ao agravamento das condições macroeconômicas, as emissões internacionais de títulos verdes, sociais, de sustentabilidade e vinculados à sustentabilidade  da região também diminuíram em 2022. A maior queda ocorreu também no setor corporativo. A redução de 81% nas emissões internacionais de títulos verdes, sociais, de sustentabilidade e vinculados à sustentabilidade do setor privado em 2022 foi quase o dobro do setor soberano (42%), enquanto ocorreu um aumento de 124% na proporção de emissões de entidades quase-soberanas e supranacionais.

Em conjunto, a região emitiu 20,5 bilhões de dólares de títulos internacionais verdes, sociais, de sustentabilidade e vinculados à sustentabilidade em 2022, 56% menos que em 2021; mesmo assim, foi o segundo maior volume anual desses títulos emitido nos mercados internacionais. Apesar da redução do volume, a emissão de títulos verdes, sociais, de sustentabilidade e vinculados à sustentabilidade da região representou uma proporção de 32% do total emitido nos mercados internacionais, um ligeiro aumento em relação aos 31% de 2021.

Apoiada pelo desaparecimento das pressões relacionadas com a pandemia, as menores necessidades de financiamento e a maior confiança nos mercados locais, a perspectiva creditícia da região estava em alta no primeiro semestre do ano, mas em meio a opções de financiamento limitadas e custos de endividamento externo mais elevados ficou em baixa no segundo semestre. No fim de dezembro de 2022, constatou-se que as ações de classificação creditícia negativas superaram por uma unidade as ações positivas, o melhor saldo anual desde 2012.