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Economias da América Latina e do Caribe terão moderada recuperação em 2018 e crescerão 2,2%

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14 de dezembro de 2017|Comunicado de imprensa

A CEPAL divulgou hoje novas projeções para os países da região. Um contexto externo mais favorável e maior dinamismo do consumo e investimento doméstico favorecerão a expansão.

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Alicia Bárcena, Secretária Executiva da CEPAL, durante a apresentação do relatório
Alicia Bárcena, Secretária Executiva da CEPAL, durante a apresentação do relatório.
Foto: Carlos Vera/CEPAL

As economias da América Latina e do Caribe apresentarão uma moderada recuperação em 2018 e crescerão 2,2% no próximo ano, depois de registrar uma expansão de 1,3%  em 2017, indicou hoje a CEPAL ao divulgar o relatório Balanço Preliminar das Economias da América Latina e do Caribe 2017.

As projeções de atividade para a região ocorrem em um contexto internacional mais favorável do que o dos últimos anos. Segundo o relatório, em 2018 espera-se que a economia global se expanda a taxas próximas às de 2017 (em torno de 3%) e que haja um maior dinamismo relativo das economias emergentes frente às desenvolvidas. No plano monetário será mantida uma situação de liquidez ampla e baixas taxas de juros internacionais.

Adicionalmente, a demanda interna desempenhará um papel importante na aceleração do crescimento em 2018, embora com diferenças entre seus componentes. O consumo privado continua sendo um motor da demanda interna, mas em 2018 terá destaque a maior contribuição do investimento, produto da recuperação da formação bruta de capital fixo, destacou hoje a CEPAL.

A Secretária-Executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Alicia Bárcena, deu uma coletiva de imprensa na sede do organismo em Santiago, Chile, para divulgar o documento, em que o organismo regional da ONU analisa o desempenho das economias e atualiza as últimas projeções de crescimento para os países (divulgadas em outubro passado) e apresenta suas recomendações para fomentar na região um desenvolvimento com maior inclusão, igualdade e sustentabilidade ambiental.

“Embora o espaço fiscal seja reduzido na região, necessitamos impulsionar políticas públicas ativas para sustentar o ciclo expansivo. Entre elas estão fortalecer a regulação, o desenvolvimento produtivo, a arrecadação e o comércio intrarregional”, afirmou a representante da CEPAL. “Deve-se priorizar um gasto com maior impacto sobre o crescimento e a desigualdade, e evitar fortes ajustes no investimento público para proteger o crescimento no médio prazo”, acrescentou Bárcena.

Apesar do contexto internacional mais favorável persistem, segundo a CEPAL, alguns desafios e riscos latentes que podem afetar a consolidação do crescimento no médio prazo. No âmbito financeiro apresentam-se incertezas originadas pela normalização das condições monetárias que foram implementadas ou anunciando o Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos (FED), o Banco Central Europeu e o Banco do Japão. A isto, acrescenta-se a tendência para uma maior desregulamentação financeira (leis de reforma de Wall Street e de proteção ao consumidor nos Estados Unidos).

A eventual reforma tributária nos Estados Unidos poderá trazer consigo uma maior volatilidade financeira, produto do aumento dos fluxos de capitais em direção a esse país. Também, se apresentam riscos geopolíticos, em especial aqueles derivados do maior protecionismo observado em alguns países e que se refletem no crescente apoio a partidos antiglobalização em alguns países da Europa e a votação a favor do Brexit no Reino Unido no ano passado.

O resultado regional em 2018 será explicado em parte pelo maior dinamismo que apresentará o crescimento econômico do Brasil (2%, comparado com 0,9% de 2017). Além disso, vários países que vinham crescendo a taxas moderadas terão uma aceleração da atividade econômica (por exemplo: Chile, de 1,5% em 2017 para 2,8%; Colômbia, de 1,8% para 2,6%; e Peru, de 2,5% para 3,5%). Na América Latina, o Panamá será a economia que apresentará a maior taxa de expansão no próximo ano (5,5%), seguida da República Dominicana (5,1%), e da Nicaragua (5,0%). Cuba, Equador e Venezuela apresentarão taxas de 1%, 1,3% y -5,5%, respectivamente, enquanto o restante das economias da América Latina crescerá entre 2% e 4%.

Na análise por sub-região, para o próximo ano, a CEPAL espera-se um maior dinamismo das economias da América do Sul, que crescerá 2% (comparado com 0,8% registrado em 2017). A América Central, por sua parte, terá uma taxa de crescimento de 3,6%, acima dos 3,3% de 2017. Entretanto, para o Caribe de língua inglesa ou holandesa estima-se um crescimento médio de 1,5% para 2018 (comparado com a quase nula expansão que registrará em 2017), em que contribuirá o gasto na reconstrução dos danos causados pelos furações Irma e Maria em alguns desses países.

Com relação ao mercado de trabalho, espera-se que a taxa de desemprego comece a diminuir a partir de 2018, em conformidade com a melhora do crescimento econômico. Entre 2016 e 2017 a desocupação urbana aumentou de 8,9% para 9,4% por um aumento da taxa de participação e uma estagnação na taxa de ocupação. Para 2018 o desemprego baixará para 9,2% pelo aumento da ocupação, produto da maior demanda agregada, aponta o relatório.

Em seu Balanço Preliminar 2017, a CEPAL recomenda aos países ampliar o espaço fiscal de acordo com a realidade de cada um e a partir de tarefas diferenciadas. Por exemplo, nos países com baixa arrecadação pode-se manter o ativismo tributário, enquanto que em todos se deve tentar reduzir a elisão e evasão fiscal – que chegou a 340 bilhões de dólares em 2015 –, fortalecendo a administração tributária.

O organismo indica, também, que é necessário ampliar os mecanismos de cooperação internacional, avaliar os espaços para o uso de crédito público (de acordo com a relação dívida/PIB de cada país), fortalecer a provisão de bens públicos com um alto rendimento econômico e social (como são a infraestrutura, a proteção social, a saúde e a educação) e aumentar o coeficiente de investimento, mediante parcerias público-privadas e o redesenho de incentivos fiscais para políticas industriais, além de melhorar os mecanismos de gestão do gasto público e de prestação de contas, e proteger o investimento público, entre outras medidas.