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Participantes do Fórum de Desenvolvimento Sustentável pediram para evitar retrocessos e alcançar a igualdade de gênero na América Latina e no Caribe

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8 de março de 2022|Comunicado de imprensa

Autoridades, funcionárias internacionais e representantes da sociedade civil comemoraram o Dia Internacional da Mulher durante o Encontro Regional que se realiza na Costa Rica.

Altas autoridades governamentais, funcionárias da Organização das Nações Unidas (ONU) e representantes da sociedade civil reafirmaram hoje seu compromisso com a igualdade de gênero e pediram para acelerar o ritmo para alcançar a igualdade substantiva, nos fatos, e evitar retrocessos na América Latina e no Caribe, em um evento especial realizado durante a Quinta Reunião do Fórum dos Países de América Latina e do Caribe sobre o Desenvolvimento Sustentável na Costa Rica.

“Este é um dia para renovar nosso compromisso com a igualdade de gênero e com a autonomia das mulheres. Defendemos a autonomia física, econômica e política das mulheres. Devemos redobrar nossos esforços, acelerar o ritmo dos avanços e alcançar a igualdade substantiva entre mulheres e homens”, afirmou Alicia Bárcena, Secretária-Executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), durante a comemoração do Dia Internacional da Mulher, cujo tema de 2022 é “Igualdade de gênero hoje para um amanhã sustentável”.

“Os nós estruturais da desigualdade de gênero continuam presentes e se expressam na distribuição desigual do poder, dos recursos, da riqueza, do trabalho e do tempo entre mulheres e homens, bem como na persistência do patriarcado e da cultura do privilégio. Este é um dia para reconhecer o valor e a contribuição das mulheres para um futuro sustentável. Mas devemos estar alertas para garantir que nenhuma mulher seja deixada para trás. Nosso lema continua sendo 'Nada sobre nós, sem nós'”, acrescentou.

Além de Bárcena, participaram do evento Epsy Campbell, Vice-Presidente da Costa Rica; Erika Mouynes, Ministra das Relações Exteriores do Panamá; Jean Gough, Diretora Regional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) para a América e o Caribe; Carla Barnett, Secretária-Geral da Comunidade do Caribe (CARICOM) (virtual); e Shi Alarcón e Rosa Adriana López Carrillo, representantes do Mecanismo de Participação da Sociedade Civil na Agenda de Desenvolvimento Sustentável e no Fórum dos Países da América Latina e do Caribe sobre o Desenvolvimento Sustentável.

A elas se juntaram Elizabeth Gómez Alcorta, Ministra das Mulheres, Gênero e Diversidade da Argentina, e Amina Mohammed, Vice-Secretária-Geral das Nações Unidas, com mensagens por vídeo. A moderação esteve sob a responsabilidade de María Noel-Vaeza, Diretora Regional da ONU Mulheres para as Américas e o Caribe.

“Hoje é um dia para celebrar a força das mulheres, para reconhecer que as mulheres têm sido cuidadoras da vida e para a construção de novos relatos”, afirmou a Vice-Presidente Epsy Campbell. “A lógica de ignorar o conhecimento acumulado das mulheres e das comunidades acabou. Quero fazer uma um apelo pela paz em todo o mundo”, destacou.

Por sua vez, a Chanceler Erika Mouynes destacou que “em um dia como hoje, de fato, há muito o que comemorar, mas também temos que falar sobre o que precisa ser feito. É por isso que eu colocaria em foco essa responsabilidade de todas e todos em três coisas: temos que reconhecer onde estamos; levantar a voz em conjunto; tornarmos ativos e agir”.

Por sua vez, María Noel-Vaeza, da ONU Mulheres, alertou que “os avanços rumo à igualdade de gênero são desesperadamente lentos e estamos cansadas. Precisamos acelerar o ritmo em todos os setores em direção à igualdade”.

Durante o evento, as representantes pediram o fim da “pandemia sombria” da violência contra as mulheres. Segundo dados da CEPAL, pelo menos 4091 mulheres foram vítimas de feminicídio em 26 países em 2020 e 2 em cada 3 mulheres foram vítimas de violência por razão de gênero.

As estatísticas também indicam que uma em cada quatro meninas e adolescentes da região contraiu matrimônio pela primeira vez ou mantinha uma união precoce antes de completar 18 anos, uma prática nociva que não mudou nos últimos 25 anos.

As representantes da sociedade civil manifestaram sua preocupação com o avanço de propostas autoritárias em vários governos da região com políticas públicas que geram retrocessos em termos de direitos humanos, incluindo os direitos sexuais e reprodutivos. Também denunciaram a extrema vulnerabilidade exercida em seu trabalho pelas defensoras do meio ambiente em diferentes países da região.

Também pediram aos governos para atuarem com ações afirmativas diante do impacto desproporcional da pandemia sobre as mulheres da região.

Em 2020, a participação no mercado de trabalho das mulheres da América Latina e do Caribe sofreu 18 anos de retrocesso, segundo estimativas da CEPAL. Para 2022, essa participação deverá chegar a 51%, enquanto a dos homens chegaria a 73,8%. Essa porcentagem significa que 1 em cada 2 mulheres não participará do mercado de trabalho.

Da mesma forma, as mulheres dedicam o triplo do tempo do que os homens em trabalhos de cuidados não remunerados. “Se contabilizarmos sua contribuição para a economia, representaria entre 16% e 24% do PIB”, afirmou Alicia Bárcena.

A Vice-Secretária-Geral das Nações Unidas, Amina Mohammed, indicou que “somente com as mulheres e meninas no centro de nossos esforços temos a melhor oportunidade de alcançar o êxito na abordagem de nossos atuais e urgentes desafios globais”, como a emergência climática, a violência de gênero, as divisões políticas e a recuperação sustentável dessa pandemia global, destacando a contribuição da região para o desenvolvimento sustentável. “Gostaria de parabenizá-las por sua Agenda Regional de Gênero, que traça um ambicioso caminho para avançar nos direitos das mulheres e alcançar a igualdade”, considerou.

Nesse sentido, a Ministra das Mulheres, Gênero e Diversidade da Argentina destacou a próxima realização, em novembro deste ano, em Buenos Aires, da XV Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe, o principal Fórum Intergovernamental sobre os direitos das mulheres e da igualdade de gênero na região, organizada pela CEPAL em coordenação com a ONU Mulheres. O tema de debate do evento será “A sociedade do cuidado: horizonte para uma recuperação sustentável com igualdade de gênero”.

As mulheres sabem da importância de cuidar, afirmou Bárcena. “Somos todas produtoras e reprodutoras da sociedade. E cuidamos do nosso legado e patrimônio, cuidamos do nosso futuro, cuidamos da terra e protegemos a biodiversidade”, acrescentou e pediu a incorporação da perspectiva de gênero de forma interseccional e intercultural nas políticas e programas. Por isso, “a sociedade do cuidado é, sem dúvida, o horizonte para o qual devemos caminhar. Temos a obrigação e o compromisso, como região, de fazê-lo”, concluiu.