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Países da América Latina e do Caribe reivindicam o Fórum sobre o Desenvolvimento Sustentável como um espaço indispensável para a integração e a cooperação regional

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7 de março de 2022|Comunicado de imprensa

A Quinta Reunião do Encontro Intergovernamental foi inaugurada hoje pelo Presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado, pela Vice-Secretária-Geral das Nações Unidas, Amina Mohammed, e pela Secretária-Executiva da CEPAL, Alicia Bárcena.

Representantes dos 33 países da América Latina e do Caribe reivindicaram o Fórum  sobre o Desenvolvimento Sustentável como um espaço indispensável para a integração e a cooperação regional em meio à incerteza global, durante a Quinta Reunião do Encontro Intergovernamental que foi inaugurado hoje pelo Presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado, pela Vice-Secretária-Geral das Nações Unidas, Amina Mohammed, e pela Secretária-Executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Alicia Bárcena.

A Quinta Reunião do Fórum dos países da América Latina e do Caribe sobre o Desenvolvimento Sustentável, que está sendo realizada em San José, Costa Rica, país que exerce a Presidência da CEPAL, reúne mais de 1200 pessoas, entre delegados de governo e representantes de organismos internacionais e do Sistema das Nações Unidas, do setor privado, da academia e da sociedade civil, que até quarta-feira, 9 de março, analisarão os avanços e desafios da implementação da Agenda 2030 na América Latina e no Caribe, a região em desenvolvimento mais impactada pela COVID-19 do ponto de vista sanitário, econômico e social.

“Esses últimos anos têm mostrado que, nesse mundo interdependente, não é possível sobreviver sozinho, além do imediato, nunca estaremos em segurança se não estivermos todos seguros. Este é um clamor de nossa região, que nos permitam focar nossa atenção, nossos esforços e nossa esperança em um futuro com dignidade e com desenvolvimento, inclusivo, sustentável e resiliente”, afirmou o Presidente Carlos Alvarado em seu discurso de abertura.

O Presidente alertou que, enquanto os países da América Latina e do Caribe avançam em termos de renda, atingindo níveis que os colocam como países de renda média ou renda média alta, paradoxalmente vão perdendo, por esse motivo, oportunidades de cooperação e foco de interesse para os parceiros desenvolvidos.

“Esses critérios de classificação unidimensionais baseados unicamente na renda (per capita) ocultam uma realidade que deixa de fora as necessidades de uma grande parte dos países do mundo e de suas populações mais vulneráveis. A comunidade internacional de cooperação não pode deixar a nossa região para trás”, sublinhou o Presidente.

A Vice-Secretária-Geral das Nações Unidas, Amina Mohammed, por sua vez, destacou que, de muitas maneiras, a América Latina e o Caribe têm colocado em evidência os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

“À medida que o mundo enfrenta desafios sem precedentes, necessitamos de liderança da região para ‘resgatar’ os ODS e construir um futuro de paz, dignidade e prosperidade. Juntos podemos fazê-lo”, afirmou.

Amina Mohammed acrescentou que a Quinta Reunião do Fórum sobre o Desenvolvimento Sustentável deve servir para traçar um caminho ambicioso.

“Essa é uma região que pode e deve liderar o caminho a seguir”, afirmou.

Alicia Bárcena, Secretária-Executiva da CEPAL, no entanto, afirmou que estamos diante de uma verdadeira mudança de época, onde os problemas estruturais se conjugam com graves situações conjunturais.

Acrescentou que as assimetrias globais entre países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento têm se aprofundado, afetando as nações de renda média, incluindo a maioria dos países de nossa região. Da mesma forma, têm aumentado as lacunas no acesso às vacinas, a recursos financeiros e nas capacidades para implementar iniciativas para a recuperação econômica.

Alicia Bárcena enfatizou que o acesso às vacinas mostrou as mais ferozes tendências nacionalistas. Especificou que a América Latina e o Caribe foram afetados pelo protecionismo comercial de medicamentos, equipamentos e vacinas que levaram à consideração de um plano de autossuficiência sanitária com olhar regional, que foi aprovado por unanimidade pelos Chefes de Estado e de Governo dos 32 países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) em 18 de setembro.

Considerou que a média regional de vacinação total é alta e atinge 62,6% da população, mas o Caribe - com exceção de Cuba e República Dominicana - só conseguiu cobrir 14,7% de sua população com um esquema completo de vacinação.

A representante da CEPAL enfatizou que esse momento único deve redobrar a vocação comum latino-americana e caribenha de proximidade, de integração e de fraternidade e ser a base para uma mudança no estilo de desenvolvimento.

“Nossa região enfrenta hoje grandes desafios, mas também possui múltiplas oportunidades para concretizar o desenvolvimento desejado com foco centrado na igualdade, na justiça social, na sustentabilidade, na democracia e na paz. Estou convencida de que é possível que a região levante uma voz comum diante dos desafios históricos que esta hora crucial nos chama a assumir”, concluiu.

Após a inauguração, Alicia Bárcena apresentou o documento "Uma década de ação para uma mudança de época" que analisa os avanços e os desafios regionais da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável na América Latina e no Caribe.

O relatório analisa as crescentes assimetrias globais entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, bem como os efeitos econômicos, sociais e políticos da COVID-19 na América Latina e no Caribe. Afirma que a recuperação tem seguido um modelo de desenvolvimento que já tinha mostrado suas limitações estruturais, o que impõe custos crescentes e afasta o alcance dos ODS.

De acordo com o documento, 68% das metas de desenvolvimento sustentável continuam em uma tendência insuficiente para 2030. Alerta que somente 1/3 das 111 metas dos ODS estão em um ritmo e trajetória adequados na América Latina e no Caribe.

“Esses resultados reforçam a necessidade de uma década de ação para transformar o modelo de desenvolvimento baseado em um multilateralismo eficaz”, enfatizou a Secretária-Executiva da CEPAL.

No decorrer da abertura, Alicia Bárcena recebeu inúmeras menções de reconhecimento por sua gestão de quase 14 anos à frente da Secretaria Executiva da CEPAL, que se encerrará em 31 de março.

“Querida Alicia, muito obrigado por nos acompanhar em nossas lutas e em nossas ideias. Obrigado por nos fazer acreditar, com informações e análises, que é possível, que a América Latina e o Caribe podem ter seu caminho próprio e que o destino pode ser promissor”, afirmou o Presidente Carlos Alvarado.

“Seu trabalho, liderança e visão de futuro têm sido inspiradores”, acrescentou o Presidente, que anunciou que, em reconhecimento ao seu árduo trabalho e dedicação, o Governo da Costa Rica decidiu conceder a Alicia Bárcena a condecoração da Ordem Nacional Juan Mora Fernández no grau de Gran Cruz Placa de Plata

Amina Mohammed, por sua vez, expressou seus agradecimentos à CEPAL e, em particular, à sua Secretária-Executiva.

“Após 25 anos de serviço nas Nações Unidas e 13 anos à frente da CEPAL, esta será sua última grande reunião como Secretária-Executiva da CEPAL. A liderança e a energia de Alicia foram fundamentais para a América Latina e o Caribe. Todos sentiremos profundamente sua falta”, destacou.