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É hora de elevar o nível de ambição e promover ações transformadoras para o desenvolvimento na América Latina e no Caribe

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24 de outubro de 2022|Comunicado de imprensa

Com a presença do Presidente da Argentina, Alberto Fernández, autoridades abriram hoje em Buenos Aires o trigésimo nono período de sessões da CEPAL.

O trigésimo nono período de sessões da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) foi aberto hoje em Buenos Aires, Argentina, com um apelo aos países da região para elevar o nível de ambição e promover ações transformadoras para avançar rumo a um desenvolvimento sustentável e igualitário.

A reunião bienal mais importante da Comissão regional, que se realiza no Centro Cultural Kirchner, foi aberta por Alberto Fernández, Presidente da Argentina, país que a partir de hoje e pelos próximos dois anos exercerá a presidência do organismo, e José Manuel Salazar-Xirinachs, Secretário Executivo da CEPAL.

Na cerimônia de abertura participaram também o Ministro das Relações Exteriores, Comércio Internacional e Culto da Argentina, Santiago Cafiero; o Ministro das Relações Exteriores e Culto da Costa Rica, Arnoldo André Tinoco; a Secretária de Assuntos Estratégicos da Argentina, Mercedes Marcó del Pont; a Coordenadora Residente das Nações Unidas na Argentina, Claudia Mojica; e o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, que enviou uma mensagem de vídeo.

Durante sua intervenção, o Presidente Alberto Fernández assinalou que, já antes da pandemia e da guerra na Ucrânia, os países da região revelavam a existência de problemas para crescer, inserir-se internacionalmente e distribuir a renda de um modo mais equitativo.

“A situação atual exige uma visão crítica e respostas inovadoras para formular políticas e soluções feitas na América Latina e no Caribe e para a região”, afirmou.

O Presidente argentino sublinhou que a crise mundial evidenciou o valor da solidariedade e destacou que a experiência vivida demanda que os países da região fortaleçam as ações de cooperação e as alianças regionais para implementar ações conjuntas e solidárias.

“Cooperar é um imperativo de fraternidade e, ao mesmo tempo, uma condição necessária para alcançar um desenvolvimento equitativo que não submerja na pobreza os homens e mulheres que vivem nestas terras. A CEPAL nos oferece um espaço privilegiado para uma construção coletiva e pluralista que incentive um olhar sensível às necessidades dos países da região. Um olhar capaz de utilizar a revolução tecnológica para oferecer novas soluções aos desafios de desenvolvimento que nossa região exige”, asseverou.

O Presidente Fernández destacou que a Argentina, ao ocupar a presidência da CEPAL, convida a trabalhar uma agenda estruturada a partir do diálogo, fortalecer os vínculos entre os países da região e conseguir um novo posicionamento com o resto do mundo.

“Nossos povos precisam de soluções agora”, afirmou.

O Chanceler Santiago Cafiero celebrou o fato de que o trigésimo nono período de sessões da CEPAL se realize na Argentina.

“Sabemos que o objetivo é reduzir as lacunas que caracterizam a situação de nossos países. Somos interpelados pela desigualdade dentro de cada uma de nossas nações”, destacou.

O Chanceler da Costa Rica, Arnoldo André Tinoco, ao deixar a presidência da CEPAL, afirmou que as prioridades para a região devem continuar sendo a recuperação econômica e a produção, a luta contra a mudança climática e a perda de biodiversidade, a realização da igualdade de gênero e dos direitos humanos e a construção de sociedades mais inclusivas e sustentáveis.

“Estão pendentes a transição energética sustentável e a digitalização necessária para nos inserirmos nos novos motores do desenvolvimento. Continuemos avançando em nossa agenda unificada como região: este é o nosso desafio e nosso compromisso”, assinalou o Ministro.

Mercedes Marcó del Pont, Secretária de Assuntos Estratégicos da Nação, destacou que, para quem está comprometido com o desafio do desenvolvimento na região, “a CEPAL sempre foi um refúgio”.

Acrescentou que o documento de posição que a Comissão apresentou hoje “volta a interpelar a América Latina e o Caribe, ao propor que a transição energética, que aparece hoje como tema central da agenda internacional, pode ser uma oportunidade enorme para muitos de nossos países, mas também uma nova frustração se não impulsionarmos as políticas para avançar em processos de transformação produtiva, de incorporação de tecnologia”.

Através de uma mensagem de vídeo, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, agradeceu à CEPAL por buscar soluções inovadoras baseadas na cooperação multilateral cujo objetivo é dinamizar os sistemas produtivos e impulsionar a inclusão social, uma transição verde e uma revolução digital justa.

“Chegamos a este período de sessões numa situação crítica. Aos impactos da pandemia se somam os decorrentes da guerra na Ucrânia. A CEPAL estima que 16 países não recuperaram os níveis de PIB anteriores à pandemia”, afirmou a máxima autoridade das Nações Unidas, que instou a implementar um plano de estímulo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que ofereça um impulso maciço para o desenvolvimento sustentável dos países, inclusive os de renda média.

Durante seu discurso de abertura, o Secretário Executivo da CEPAL, José Manuel Salazar-Xirinachs, agradeceu à Costa Rica, seu país, por exercer a presidência da CEPAL durante os últimos dois anos, bem como à Argentina, que a assume durante o próximo biênio.

Assinalou que a América Latina e o Caribe precisam e desejam ter políticas transformadoras e audazes que ofereçam soluções realistas e pragmáticas para suas agudas carências e lacunas econômicas, sociais e ambientais e atendam muitas das necessidades mais básicas, sobretudo das populações pobres e vulneráveis, mas também de estratos médios vulneráveis que sofrem o impacto dos ciclos econômicos.

“A meta nesta época pós-pandemia e para 2023 não pode ser apenas mitigar os danos da pandemia e reativar a economia, como se pudéssemos nos dar por satisfeitos em voltar à situação de antes da pandemia e da guerra na Ucrânia. É evidente que devemos mitigar os danos, como o aumento da pobreza, da informalidade e da desigualdade, e enfrentar o apagão educacional, mas trata-se também de promover ações transformadoras para o desenvolvimento, trata-se de que os países da região avancem, consigam sair da armadilha da renda média e realizem o legítimo sonho de serem países socialmente inclusivos a partir de um crescimento dinâmico, sustentado, sustentável e inclusivo”, sublinhou.

Após a cerimônia de abertura, o Secretário Executivo da CEPAL apresentou o documento Rumo à transformação do modelo de desenvolvimento na América Latina e no Caribe: produção, inclusão e sustentabilidade, no qual a Comissão regional insta a redobrar esforços para transformar os modelos de desenvolvimento e colocar no centro políticas de transformação e diversificação produtiva.

“A mensagem principal do documento é que a agenda em torno da qual devemos construir é uma agenda que poderíamos chamar de reativação com transformação, ou seja, uma agenda que no curto prazo combine o delicado manejo macroeconômico exigido pela conjuntura com seus complexos equilíbrios entre a necessidade de enfrentar a inflação, reativar a economia, criar empregos e ajudar os grupos vulneráveis, num contexto de limitado espaço fiscal, monetário e financeiro, e que impulsione sem adiar as reformas e investimentos cujos frutos serão colhidos no médio e longo prazo, mas cuja implementação não pode esperar porque o ciclo de obtenção de resultados tem um horizonte de tempo mais amplo”, explicou.

O documento foi comentado por um painel de alto nível moderado pelo Chanceler da Argentina, Santiago Cafiero, no qual participaram o Prêmio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz, a Professora de Economia da Inovação e Valor Público na University College London, Mariana Mazzucato, o Ministro da Fazenda e Crédito Público da Colômbia, José Antonio Ocampo, e a Secretária-Geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), Rebeca Grynspan.