Pular para o conteúdo principal

A CEPAL insta todos os países da América Latina e do Caribe a assinar e ratificar o Acordo de Escazú

Available in EnglishEspañolPortuguês
4 de março de 2019|Comunicado de imprensa

No primeiro aniversário de sua adoção, a Secretária Executiva do organismo, Alicia Bárcena, publicou uma carta aberta em que destaca a relevância do primeiro tratado ambiental da região.

firma_acuerdoescazu_675.jpg

Fotografía firma Acuerdo de Escazú
La Secretaria Ejecutiva de la CEPAL, Alicia Bárcena (al centro) sostiene la copia original del Acuerdo de Escazú el 27 de septiembre pasado, durante la ceremonia de apertura de firma del tratado, realizada en la sede de la ONU en Nueva York.
Foto: CEPAL

No dia 4 de março comemorou-se o primeiro ano da adoção do Acordo Regional sobre Acesso à Informação, Participação Pública e Acesso à Justiça em Assuntos Ambientais na América Latina e no Caribe, conhecido como “Acordo de Escazú”, em referência ao município da Costa Rica no qual 24 países da região em 2018 concluíram seis anos de negociações para alcançar o que hoje constitui o primeiro tratado ambiental da região.

Por motivo deste aniversário, Alicia Bárcena, Secretária Executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) - organismo das Nações Unidas que exerce a secretaria técnica do acordo - divulga uma carta aberta em que insta todos os países da região a assiná-lo e ratificá-lo o mais breve possível.

“O dia 4 de março é uma data histórica para a democracia ambiental em nossa região. Há um ano, 24 países da América Latina e do Caribe adotaram o Acordo de Escazú, na Costa Rica, dando uma lição ao mundo em matéria de multilateralismo regional para o desenvolvimento sustentável”, assinala Alicia Bárcena numa parte do texto.

“O Acordo de Escazú é uma mostra palpável do compromisso de nossa região com um desenvolvimento mais igualitário, mais justo e mais sustentável”, acrescenta a alta funcionária da ONU, e insta os países que ainda não o assinaram ou ratificaram a fazê-lo prontamente.

“Hoje, mais do que nunca, nossa região requer mais e melhor democracia ambiental e uma pronta entrada em vigor e implementação do Acordo de Escazú em benefício dos países e suas sociedades”, afirma Alicia Bárcena.

Eis o texto completo da carta:

 

4 de março de 2019

 

Carta aberta da Secretária Executiva da CEPAL, Alicia Bárcena, por motivo do primeiro aniversário da adoção do Acordo de Escazú

 

 

Senhoras e Senhores:

Hoje, 4 de março, é um dia histórico para a democracia ambiental em nossa região. Há um ano, 24 países da América Latina e do Caribe adotaram o Acordo Regional sobre Acesso à Informação, Participação Pública e Acesso à Justiça em Assuntos Ambientais na América Latina e no Caribe (“Acordo de Escazú”) em Escazú, Costa Rica, concluindo seis intensos anos preparatórios e de negociação e dando uma lição ao mundo em matéria de multilateralismo regional para o desenvolvimento sustentável.

Desde que se abriu à assinatura dos 33 países da América Latina e do Caribe em 27 de setembro de 2018 no debate geral anual do 73º período de sessões da Assembleia Geral das Nações Unidas, o Acordo de Escazú obteve um importante apoio. Até agora, 16 países assinaram o Acordo (Antígua e Barbuda, Argentina, Bolívia, Brasil, Costa Rica, Equador, Guatemala, Guiana, Haiti, México, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Santa Lúcia e Uruguai) e outros se encontram em processo de fazê-lo. Comemoro o significativo passo dado por esses 16 países e todos os que o darão brevemente.

O Acordo de Escazú constitui o primeiro tratado regional ambiental da América Latina e do Caribe e é o único derivado da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). Além disso, é o primeiro no mundo a estabelecer disposições específicas para a promoção, proteção e defesa dos defensores de direitos humanos em assuntos ambientais. Com o objetivo último de garantir às gerações presentes e futuras o direito a um meio ambiente saudável mediante o acesso à informação, a participação pública e o acesso à justiça, o fortalecimento de capacidades e a cooperação, e concentrando-se em não deixar ninguém para trás, o Acordo de Escazú é uma mostra palpável do compromisso de nossa região com um desenvolvimento mais igualitário, mais justo e mais sustentável. Além disso, o acordo contribui para a implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e de acordos multilaterais ambientais, como o Acordo de Paris.

É importante recordar que o Acordo de Escazú é um acordo entre Estados, mas sobretudo é um pacto de cada Estado com suas sociedades. É um acordo cidadão, feito pelas pessoas de nossa região e para elas. Recolhe nossas prioridades regionais, reconhece e desenvolve direitos democráticos fundamentais e coloca a igualdade no centro do desenvolvimento, buscando incorporar todos os setores da sociedade para enfrentar desafios ambientais de grande magnitude, como a mudança climática, os desastres naturais, a desertificação e a perda de biodiversidade.

O primeiro aniversário da adoção do Acordo de Escazú constitui um motivo especial de comemoração que nos leva a congratularmo-nos e a reconhecer todos que tornaram possível este inovador feito coletivo. Este dia também representa uma oportunidade para reafirmar sua vigência e convidar os países de nossa região que ainda não o fizeram a assiná-lo e ratificá-lo o mais breve possível.

A assinatura e a ratificação do Acordo de Escazú serão ainda mais significativas tendo em vista os importantes encontros que serão realizados em 2019 e que guardam especial relação com o Acordo. Entre 22 e 26 de abril terá lugar em Santiago o Terceiro Fórum dos Países da América Latina e do Caribe sobre Desenvolvimento Sustentável e entre 9 e 18 de julho em Nova York serão revisados pela primeira vez os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável sobre a ação climática e paz, justiça e instituições sólidas. Em 24 a 25 de setembro convocou-se a Cúpula de Chefes de Estado e de Governo sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Em setembro terá lugar a Cúpula sobre o Clima e será revisada a Trajetória de Samoa dos pequenos Estados insulares em desenvolvimento. Em todos estes fóruns, os direitos de acesso e o Acordo de Escazú serão cruciais para alcançar seus objetivos.

Além disso, por motivo deste primeiro aniversário, e a fim de apoiar os países e suas sociedades no desenvolvimento dos direitos de acesso na região, tenho o prazer de informar-lhes que em 4 de março a CEPAL lançará uma versão renovada do Observatório do Princípio 10 na América Latina e no Caribe.

Hoje, mais do que nunca, nossa região requer mais e melhor democracia ambiental e uma pronta entrada em vigor e implementação do Acordo de Escazú em benefício dos países e de suas sociedades. Convido-os a comemorar esta data tão importante e a que, através do Acordo de Escazú, sigamos construindo juntos um futuro mais próspero, igualitário e sustentável para nossa região.

Cordiais saudações,

 

Alicia Bárcena

Secretária Executiva da CEPAL

 

Mais informações sobre o Acordo de Escazú podem ser encontradas em: https://www.cepal.org/pt-br/acordodeescazu