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Alicia Bárcena faz um apelo para desatar os nós estruturais da desigualdade de gênero e construir sociedades de cuidado para um futuro mais igualitário, sustentável e resiliente

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20 de maio de 2021|Comunicado de imprensa

A Secretária Executiva da CEPAL proferiu uma conferência magistral virtual como parte da série “Depois de 2030: Mulheres Líderes por um Futuro Sustentável”, organizada pela Universidade Nacional Autônoma do México.

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Alicia Bárcena, Secretaria Ejecutiva de la CEPAL.
Foto: CEPAL.

A Secretária Executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, Alicia Bárcena, fez um apelo para desatar os nós estruturais da desigualdade que ameaçam a autonomia econômica, física e política das mulheres e construir sociedades de cuidado para um futuro mais igualitário, sustentável e resiliente, durante uma conferência magistral virtual organizada pela Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM).

"A recuperação pós-pandemia deve desatar os quatro nós estruturais da desigualdade de gênero: a desigualdade socioeconômica e a pobreza, a divisão sexual do trabalho, a concentração de poder e os padrões culturais patriarcais", disse Alicia Bárcena durante sua apresentação feita no âmbito da série “Depois de 2030: Mulheres líderes por um futuro sustentável”, organizada pela Coordenação Universitária de Sustentabilidade da UNAM, em colaboração com a Direção Geral de Atenção à Comunidade dessa casa de estudos.

A abertura da conferência foi feita por Enrique Graue, Reitor da UNAM, Alberto Ken Oyama Nakagawa, Secretário de Desenvolvimento Institucional da casa de estudos, e Alexandra Aguilar, Coordenadora Universitária de Sustentabilidade.

Em sua conferência magistral, a Secretária Executiva da CEPA assinalou que a pandemia de COVID-19 aprofundou os problemas estruturais da América Latina e do Caribe em termos de desigualdade, informalidade e pobreza, atentando contra a autonomia econômica, física e política das mulheres.

"A pandemia ampliou a injusta divisão sexual do trabalho e a organização social do cuidado com um retrocesso de uma década na inclusão das mulheres no mercado de trabalho e um impacto desigualador sobre os jovens e, sobretudo, sobre os trabalhadores informais. Há uma sobrerrepresentação das mulheres em domicílios pobres, maior desemprego e expulsão da força de trabalho, informalidade e barreiras no acesso a serviços financeiros e exclusão digital", alertou.

A alta funcionária das Nações Unidas disse que 14 milhões de mulheres em idade de trabalho perderam seus empregos devido aos efeitos da pandemia em nove países da região. Para elas, a CEPAL propõe garantir uma renda básica emergencial por 3 e 6 meses, equivalente a uma linha de pobreza.

Acrescentou que 56,9% das mulheres trabalham em setores com maior risco de perda de emprego, informalidade e baixa renda, e menos de 45% têm acesso à seguridade social. Explicou que o setor da saúde é muito emblemático na região porque 73,2% são compostos por trabalhadoras. No caso do setor educacional, as mulheres representam 70,4%.

Sublinhou que as mulheres de menor renda enfrentam dois obstáculos: a falta de autonomia econômica e a falta de acesso à internet. Destacou que na região 39% das mulheres não têm renda própria, enquanto 46 milhões de domicílios não têm conexão com a internet. Por isso, a CEPAL propõe a entrega de uma cesta digital básica que permita potencializar as habilidades para usar tecnologias e reverter as barreiras socioeconômicas. Uma em cada quatro mulheres seria beneficiada na região.

Alicia Bárcena afirmou que a integração da perspectiva de gênero em todas as políticas de recuperação pós-pandemia é necessária, mas não suficiente, para alcançar a autonomia econômica, física e política das mulheres com ações afirmativas na área fiscal, no emprego e nas políticas produtivas, econômicas e sociais.

Portanto, para uma recuperação transformadora com igualdade de gênero, a CEPAL propõe um pacto fiscal pela igualdade, transformação digital inclusiva, recuperação produtiva com emprego para as mulheres, planejamento urbano e potencialização da economia do cuidado como um setor dinamizador.

"Investir na economia do cuidado tem efeitos multiplicadores sobre o bem-estar, a redistribuição de tempo e renda, participação no mercado de trabalho, crescimento e arrecadação de impostos", afirmou.

Finalmente, a máxima representante da CEPAL instou a avançar em direção a novos pactos sociais para a igualdade e sustentabilidade em tempos de pandemia, concentrados no bem-estar e nos direitos e baseados no diálogo amplo e participativo para uma mudança estrutural.

"A pandemia é uma conjuntura crítica que redefine o que é possível. O mal-estar social exige que deixemos para trás a cultura do privilégio. Os novos pactos sociais exigem pactos fiscais que promovam uma tributação progressiva e sustentável para o bem-estar ", concluiu.

Por sua vez, em seu discurso de abertura, o reitor da UNAM, Enrique Graue, alertou que a sociedade patriarcal devastou o planeta e hoje um novo pacto social é imprescindível para o bem-estar das gerações futuras, a fim de cumprir plenamente os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Acrescentou que, se pudermos transmitir a necessidade de plena realização de direitos e autonomia para todas as mulheres, especialmente o direito à participação igualitária, teremos mais e melhores ferramentas para alcançar um futuro sustentável.